Tannat: Força, Estrutura e Taninos
- ethyla consultoria
- 29 de jul.
- 3 min de leitura
Origem e História
A uva Tannat nasceu no sudoeste da França, na região de Madiran, e carrega em seu próprio nome uma pista de sua principal característica: o alto teor de taninos. “Tannat” deriva de "tanné", palavra relacionada ao processo de curtir o couro — e não por acaso, seus vinhos são intensamente tânicos, estruturados e potentes.
A variedade veio para as Américas no século XIX, chegando ao Uruguai, onde encontrou solo fértil e clima ideal. Por lá, tornou-se símbolo nacional, responsável por vinhos expressivos e cada vez mais reconhecidos no cenário internacional.

Características da Uva e dos Vinhos
A Tannat é uma uva de personalidade marcante, tanto no vinhedo quanto na taça. Seus vinhos costumam apresentar:
Cor intensa, quase opaca, com reflexos violáceos;
Taninos firmes e abundantes, que garantem longevidade;
Aromas de frutas negras maduras, como amora e ameixa, além de toques de couro, tabaco e especiarias;
Alta estrutura e corpo, ideais para harmonizações robustas;
Excelente potencial de envelhecimento em barrica e garrafa.
Cuidados no Cultivo
Cultivar Tannat exige atenção especial, mas os resultados recompensam o esforço. Veja os principais cuidados:
Clima: A variedade se dá bem em regiões com boa insolação e amplitude térmica. Climas úmidos demandam controle rigoroso de doenças.
Solo: Prefere solos drenados, especialmente os argilo-calcários ou pedregosos.
Poda e manejo: É importante limitar a produtividade para obter concentração. A colheita ideal ocorre tardiamente, quando os taninos estão plenamente maduros.
Sanidade: Sensível a míldio e podridão, requer ventilação adequada no vinhedo.
Cuidados na Vinificação
Na adega, a Tannat também exige técnica e precisão:
Maceração controlada: É preciso cotrolar o tempo de contato com as cascas para evitar taninos agressivos.
Temperatura: Fermentação entre 22–26 °C, com remontagens suaves.
Fermentação malolática: altamente recomendada, pois suaviza os taninos e equilibra a acidez.
Maturação: O uso de barricas (preferencialmente carvalho francês) ajuda a integrar os taninos e traz complexidade. A média é de 8 a 18 meses.
Estilo: Pode ser vinificada como varietal ou em cortes, sendo comum a combinação com Merlot, Cabernet Sauvignon ou Syrah para suavizar sua rusticidade.
Exemplares de Destaque
Uruguai
Principal referência mundial da Tannat, com vinhos estruturados e elegantes. As regiões de Canelones, Maldonado e Rivera produzem rótulos reconhecidos mundialmente. Destaques:
Bodega Garzón
Pisano
Bouza
França (Madiran)
Estilo tradicional, com vinhos potentes e tânicos, indicados para longos períodos de guarda.Destaques:
Château Montus
Domaine Berthoumieu
Brasil
A Tannat tem se destacado em diferentes terroirs brasileiros:
Campanha Gaúcha (RS): Produz vinhos de corpo médio a alto, com boa cor e taninos mais polidos. Ex: Guatambu, Lidio Carraro, Dunamis.
Serra Gaúcha (RS): Produções pontuais, mas promissoras. ex: Pizzato, Larentis.
Santa Catarina (Planalto): Expressividade aromática e boa acidez.
Serra da Mantiqueira e Sudeste (com dupla poda): Vem revelando Tannats elegantes, com taninos bem integrados.
Conclusão
A Tannat é uma uva que demanda paciência, técnica e sensibilidade, mas que retribui com vinhos imponentes e cheios de personalidade. Para quem produz ou aprecia vinhos estruturados e longevos, ela é uma aliada de peso — tanto no campo quanto na taça.
Seja em cortes ou como varietal, a Tannat continua conquistando paladares e mostrando sua força em terroirs muito além da França e do Uruguai. No Brasil, seu potencial continua sendo explorado, mas já oferece resultados dignos de reconhecimento.


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